Sobre as obras

Para realizar as pinturas que integram a exposição, Josi partiu de desenhos que já haviam sido feitos por ela anteriormente, mas que agora são redesenhados. “Tenho esse ponto de partida, de ter uma imagem que me interessa por trazer um gesto ou uma curvatura ligada a um ofício, mas é no relacionamento com a tinta que vou trançando as figuras”, esclarece. Ela explica, inclusive, que depois da primeira pincelada, deixa os trabalhos quarando para entender o que pode surgir a partir deles. Desse modo, a água de feijão vai garantindo sua autonomia de cor, de fluxo e de adensamento. “Vou conversando com meu pincel”, pontua. 

As obras trazem referências e vivências autobiográficas da artista. De acordo com Josi, com a companhia teórica da escrevivência, os modos de “se fazer mulher” vão sendo trançados nas suas pinturas: são desenhos que têm cor, classe social e gênero específicos. “Há muito da minha mãe, que costura, e da minha avó, que lava roupas. As pinturas evocam uma transmissão de saberes, do meu aprendizado, do que vi, do que ouvi”, finaliza.